Diário a Bordo de uma Imaginação
Eu estava lá. Eu juro. Quer dizer, não lembro de nada. Calma, eu explico: acordei ontem e sonhei o melhor sonho... o mais criativo, pelo menos. Então quando eu virei para ver que horas eram, me deparei com um diário novo, estranho. Nunca mais tive um diário, pra falar a verdade. Tive agendas... e não escrevia muito nelas porque meus pais ficavam de olho no que eu fazia. Pensei comigo: “Deve ser presente de algum parente”.
Sentei na cama e deixei meu coelhinho de pelúcia de lado. Peguei a agenda e folheei. Havia vários relatos. Havia todos os relatos. Muita emoção, muita reflexão. Havia alguns desenhos também, vários. Lembrou-me das aulas de biologia, onde a gente tinha que copiar os indivíduos com perfeição – era um saco, mas eu era boa nisso. Comecei a viajar em um dos textos, falava sobre o mundo novo – não o do século XV – revelava todos os problemas que eram resolvidos com boa vontade. Comentários eram feitos com bons argumentos, eu concordei com todos. Parecia que eu estava lendo um registro dos meus pensamentos. Pensei que alguém tinha trazido a mim para me impressionar, pois eu sempre digo minhas opiniões e idéias, todos sabem delas. O único problema é que eu nunca consegui registrar, pois pensava em coisas paralelas, me preocupava em descobrir detalhes no meio do caminho. Só registrava em forma de poemas, eles não diziam muito ao mundo, mas muito a mim.
- A pessoa que escreveu isso deve ser perfeita pra mim! - minha alma romântica pensou, enquanto folheava o diário. Imaginei-me encontrando com tal pessoa e vivendo uma revolução ao lado dela, finalmente, com amor.
Tentei, então, achar algum recado pra mim. Alguma identificação, número de telefone, e-mail ou localização. No final do diário tinha alguns rascunhos, contas de matemática, telefone de não-sei-quem, desenhos abstratos, dicas de vocabulário e dicas de livros. Na primeira página tinha identificação, um pseudônimo babaca. Recicladora.
Então, uma mulher. Já suspeitava, a letra era muito bonita pra ser de um homem, digo, muitos têm boa caligrafia, assim como muitos não têm e não ligam. Ainda mais pra escrever rapidamente o que pensa.
Eu estava com essa idéia de escrever o que pensava num diário particular, onde eu pudesse me expressar de qualquer maneira, com planos cartesianos, desenhos, monólogos... Só que a preguiça fala muito mais alto nesses tempos (ainda mais com o “Projetão” da escola pra fazer).
Isso me lembrou que a maioria dos meus sonhos são projeções da minha ansiedade. Por exemplo, se eu tiver que entregar uma blusa o mais rápido possível, eu vou sonhar no mesmo dia que eu entreguei a blusa. Uma vez sonhei com várias ansiedades seguidas: acordar cedo, agradar uma pessoa, terminar um trabalho, chegar a tempo num curso...
“Eu devo estar sonhando agora”, indaguei a mim, imediatamente “Tudo está acontecendo como eu queria que estivesse acontecendo. Eu queria um diário com meus pensamentos, e aqui está”. Enquanto olhava para o nada tentando associar os fatos descobri a minha assinatura no diário. Idêntica. Não havia nenhuma diferença. Até a minha mania de juntar uma letra com a outra era comum. Na hora eu não estranhei, porque achei que estivesse sonhando. Porém, minutos depois, olhei para o teto e todas as cores, não estava sonhando. Nunca vejo tetos em sonhos. Nunca reparo neles. Normalmente estou ocupada sentindo alguma coisa ou me preocupando, então não vejo as coisas simples.
- Quer dizer que eu escrevi este diário, então.
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Sentei na cama e deixei meu coelhinho de pelúcia de lado. Peguei a agenda e folheei. Havia vários relatos. Havia todos os relatos. Muita emoção, muita reflexão. Havia alguns desenhos também, vários. Lembrou-me das aulas de biologia, onde a gente tinha que copiar os indivíduos com perfeição – era um saco, mas eu era boa nisso. Comecei a viajar em um dos textos, falava sobre o mundo novo – não o do século XV – revelava todos os problemas que eram resolvidos com boa vontade. Comentários eram feitos com bons argumentos, eu concordei com todos. Parecia que eu estava lendo um registro dos meus pensamentos. Pensei que alguém tinha trazido a mim para me impressionar, pois eu sempre digo minhas opiniões e idéias, todos sabem delas. O único problema é que eu nunca consegui registrar, pois pensava em coisas paralelas, me preocupava em descobrir detalhes no meio do caminho. Só registrava em forma de poemas, eles não diziam muito ao mundo, mas muito a mim.
- A pessoa que escreveu isso deve ser perfeita pra mim! - minha alma romântica pensou, enquanto folheava o diário. Imaginei-me encontrando com tal pessoa e vivendo uma revolução ao lado dela, finalmente, com amor.
Tentei, então, achar algum recado pra mim. Alguma identificação, número de telefone, e-mail ou localização. No final do diário tinha alguns rascunhos, contas de matemática, telefone de não-sei-quem, desenhos abstratos, dicas de vocabulário e dicas de livros. Na primeira página tinha identificação, um pseudônimo babaca. Recicladora.
Então, uma mulher. Já suspeitava, a letra era muito bonita pra ser de um homem, digo, muitos têm boa caligrafia, assim como muitos não têm e não ligam. Ainda mais pra escrever rapidamente o que pensa.
Eu estava com essa idéia de escrever o que pensava num diário particular, onde eu pudesse me expressar de qualquer maneira, com planos cartesianos, desenhos, monólogos... Só que a preguiça fala muito mais alto nesses tempos (ainda mais com o “Projetão” da escola pra fazer).
Isso me lembrou que a maioria dos meus sonhos são projeções da minha ansiedade. Por exemplo, se eu tiver que entregar uma blusa o mais rápido possível, eu vou sonhar no mesmo dia que eu entreguei a blusa. Uma vez sonhei com várias ansiedades seguidas: acordar cedo, agradar uma pessoa, terminar um trabalho, chegar a tempo num curso...
“Eu devo estar sonhando agora”, indaguei a mim, imediatamente “Tudo está acontecendo como eu queria que estivesse acontecendo. Eu queria um diário com meus pensamentos, e aqui está”. Enquanto olhava para o nada tentando associar os fatos descobri a minha assinatura no diário. Idêntica. Não havia nenhuma diferença. Até a minha mania de juntar uma letra com a outra era comum. Na hora eu não estranhei, porque achei que estivesse sonhando. Porém, minutos depois, olhei para o teto e todas as cores, não estava sonhando. Nunca vejo tetos em sonhos. Nunca reparo neles. Normalmente estou ocupada sentindo alguma coisa ou me preocupando, então não vejo as coisas simples.
- Quer dizer que eu escrevi este diário, então.
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Nota 10!!!
ResponderExcluiro diário existe, n'algum lugar entre o consciênte e o inconsciênte!
ResponderExcluirquando o encontramos e o lemos, temos a prova de que vivemos várias vidas paralelas, umas memoráveis outras não.
Mas a simples existência dele e suas memórias, formam o que você já é...Bluseira de alma.
Eu tenho uma caixa, cheia de escritos...poemas, contos, crônicas e muitos pensamentos (é o que mais tem) tenho medo de pegá-los, acho que não são bons, ou eu não sou mais digna deles, ainda não sei. O pior é que estão envelhecendo numa caixa dentro do armário...se quiser eu te mostro qualquer dia. Não sei se vale a pena, mas eles continuam lá.
ResponderExcluir"Você é desse mundo?"
ResponderExcluir- Mariane Prado